BA – Comunidades tradicionais reivindicam participação no processo de construção de empreendimento turístico e redesenho do Projeto para que respeite seu modo de vida e o meio ambiente

UF: BA

Município Atingido: Cairu (BA)

Outros Municípios: Cairu (BA)

População: Marisqueiras, Pescadores artesanais, Quilombolas

Atividades Geradoras do Conflito: Atuação de entidades governamentais, Especulação imobiliária

Impactos Socioambientais: Alteração no regime tradicional de uso e ocupação do território, Contaminação ou intoxicação por substâncias nocivas, Desmatamento e/ou queimada, Falta / irregularidade na autorização ou licenciamento ambiental, Poluição atmosférica

Danos à Saúde: Piora na qualidade de vida, Violência – ameaça

Síntese

O Projeto Turístico-Imobiliário Fazenda Ponta dos Castelhanos, construído pela empresa Mangaba Cultivo de Coco Ltda, está sendo implantado em uma área rural de 1.651 ha desde 2001, na parte sul da ilha de Boipeba, na localidade de São Sebastião, no município de Cairú – BA. Este empreendimento pretende ocupar 20% da ilha, segundo informação da Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras (22/06/2014).

Os impactos socioambientais causados pela construção do empreendimento são alarmantes e podem ser identificados em todo o município de Cairú, sobretudo na ilha de Boipeba. Entre os problemas podemos destacar: o acréscimo de quase 260% de lixo, o aumento de 265% da população da ilha de Boipeba, desmatamentos, queimadas, privatização dos bens comuns impossibilitando a pesca, a mariscagem e o extrativismo, ameaça à biodiversidade da região etc.

Pelo fato de acarretar esses sérios problemas socioambientais, a Fazenda Ponta dos Castelhanos é um empreendimento que está inviabilizando os modos de vida tradicionais da população local e expulsando as populações que vivem nas ilhas do município de Cairú. Na ilha de Boipeba existem povos tradicionais (pescadores artesanais, marisqueiras e quilombolas) distribuídos em diferentes povoados, entre eles Velha Boipeba, Moreré, Cova da Onça/São Sebastião e Monte Alegre. Os três primeiros são de tradição pesqueira, e sua população está organizada na Associação de Moradores e Amigos de Boipeba (AMABO) – fundada em 02 de abril de 1995. A comunidade Monte Alegre é um quilombo reconhecido pela Fundação Cultural Palmares (FCP), cuja população está organizada também na Associação dos Remanescentes de Quilombo do Monte Alegre – fundada em 03 de setembro de 2008.

Em julho de 2013, essas comunidades se articularam e construíram o Movimento Boipeba Viva, para conscientizar e sensibilizar toda a população da Ilha para a preservação ambiental, assim como denunciar o mega empreendimento da Mangaba Cultivo de Coco Ltda.

O Movimento reivindica a participação da comunidade no processo de construção do empreendimento, pede o redesenho do projeto no sentido que atente para as necessidades locais, respeite o seu modo de vida e o próprio meio ambiente. Além de solicitar aos órgãos ambientais envolvidos, como o Instituto Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (INEMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a interferência para desacelerar a maneira desordenada e impositiva com que o mega empreendimento chega à Ilha de Boipeba.

Contexto Ampliado

O Projeto Turístico-Imobiliário Fazenda Ponta dos Castelhanos, da empresa Mangaba Cultivo de Coco Ltda, está sendo implantado em uma área rural de 1.651 ha desde 2001, na parte sul da ilha de Boipeba, na localidade do povoado de São Sebastião. Caso seja concluído, o empreendimento irá ocupar 20% do território total da ilha, segundo informação da Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras (22/06/2014).

A ilha de Boipeba compõe o município-arquipélago de Cairú, no estado da Bahia, formado por 26 ilhas, sendo as principais Cairú, Tinharé e Boipeba. Por conta da rara beleza natural e grande diversidade dos seus ecossistemas, a região do município de Cairú foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade, estando inserida no Corredor Central da Mata Atlântica. Além disso, as ilhas de Tinharé e Boipeba estão integradas à Área de Preservação Ambiental Estadual (APA) desde 1992, de acordo com informações da Associação de Moradores e Amigos de Boipeba (AMABO) (s/).

Segundo o Relatório de Impacto Ambiental do Projeto produzido pela Grael Ambiental Consultoria (fev. de 2014), a Ilha de Boipeba foi escolhida pela Mangaba Cultivo de Coco Ltda por uma série de fatores, entre eles: pela natureza exuberante ainda preservada, pela condição de isolamento e, ao mesmo tempo, por estar muito próxima da cidade de Salvador e devido à área se encontrar dentro de uma APA. Ainda afirmam que o interesse de realizar o empreendimento próximo ao povoado de São Sebastião se justifica, entre outras coisas, pela facilidade de contratação de empregados.

O Projeto Turístico-Imobiliário prevê a construção de: 69 lotes para residências fixas e veraneio com áreas entre 20.000 m² (2 ha) e 80.000 m2 (8 ha); um condomínio com 32 casas ocupando um total de 38.400 m2 (3,84 ha); duas pousadas com 3.500 m2 (0,35ha) e mais 25 casas; um aeroporto com 221.886 m2 (22,18ha); um campo de golfe com 18 buracos e área total de 3.700.000 m2 (370 ha); um píer com infraestrutura náutica no Rio dos Patos com capacidade para 20 barcos por dia e garagem para 152 embarcações do condomínio; um parque de lazer; estradas e caminhos; sistema de abastecimento de água; rede de energia elétrica; infraestrutura para processamento e destinação de resíduos sólidos. Ainda compreende a implantação de uma reserva Florestal Legal com área total de 3.465.400 m2 (346,54 ha); a implantação de um habitat protegido de desova de tartarugas marinhas na Praia dos Castelhanos; e a solicitação do sistema de telefonia da concessionária Oi, de acordo com o mesmo Relatório supracitado.

A Mangaba Cultivo de Coco Ltda prevê custear todas as obras de infraestrutura (estradas, abastecimento de água e energia, campo de golfe, aeroporto etc), enquanto as casas e pousadas seriam construídas pelos compradores dos lotes. O investimento para esse mega empreendimento imobiliário está estimado entre 10 a 12 milhões de reais – apenas as obras de infraestrutura, segundo informações do Relatório do INEA.

Os impactos socioambientais causados pela construção do empreendimento Fazenda Ponta dos Castelhanos em todo o município de Cairú e, mais especificamente, na ilha de Boipeba, são alarmantes. Segundo o documento Licenciamento do Empreendimento Imobiliário Fazenda Ponta dos Catelhanos, publicado pela AMABO (S/D) – síntese crítica do Relatório do INEA -, são destacados os seguintes problemas:

– O gigantesco aumento populacional: a previsão é que aumente 265% à população local, visto que, no censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Ilha existem 721 habitantes.

– O Projeto não possui integração com o ambiente, considerando que a divisão dos lotes não leva em consideração o ambiente natural. Ela foi realizada a partir de divisões geométricas que não atendem às necessidades dos córregos que desembocam na enseada de São Sebastião. Esses córregos se encontram secos durante o verão e se enchem no período de chuvas, enquanto alagam os terrenos vizinhos. Essas áreas são bastante habitadas por insetos e pequenos animais e não são apropriados para a ocupação humana.

– A ocupação dos morros das mangabas – com o condomínio de 32 casas com altura de até 10 metros e área construída de 1.200 m2 – irá modificar significativamente a paisagem na região. As 32 casas irão criar um horizonte artificial que poderá ser visto de longe.

– A construção de duas pousadas, além das casas, irá ocupar de forma densa duas áreas de grande influência de manguezal. Para as pousadas são previstos até três pavimentos, enquanto o Plano de Manejo da APA limita as construções a dois pavimentos.

– A construção do aeroporto causará um impacto ambiental muito grande ao aterrar uma área de 221.886 m2 com cerca 100.000 m3 de solo e areia tirada na localidade e desmatar 450m além das cabeceiras da pista.

– A construção do campo de golfe com 3.700.000 m2 irá modificar o habitat dos animais que vivem nesta área. Junto com as áreas dos lotes, das casas, das pousadas, do aeroporto, das vias e do parque irá modificar o ambiente de cerca de 80% da área total do empreendimento de 16.507.752 m2. A única parte não alterada seria a reserva Florestal Legal de 3.465.400 m2. Um campo de golfe também requer uma irrigação que gasta muita água.

– A construção do píer e o grande volume de embarcações irão alterar bastante o fluxo de navegação e aumentar os riscos de acidentes. As praias, descritas no projeto como ainda preservadas e de muita beleza natural, irão perder a sua tranquilidade.

– O Projeto não mostra como ele irá garantir a ocupação e a administração do conjunto. A responsabilidade sobre a ocupação é entregue à Prefeitura de Cairú, enquanto o projeto se limita à comercialização para depois se retirar.

Pelo fato de acarretar esses sérios problemas ambientais, a Fazenda Ponta dos Castelhanos é um empreendimento que está inviabilizando o modo de vida tradicional e expulsando as populações que vivem nas ilhas do município de Cairú. Na ilha de Boipeba existem pescadores artesanais, marisqueiras e quilombolas, distribuídos em diferentes povoados, entre eles: Velha Boipeba, Moreré, Cova da Onça/São Sebastião e Monte Alegre. Os três primeiros são de tradição pesqueira e sua população está organizada na AMABO fundada em 02 de abril de 1995. A a comunidade Monte Alegre é um quilombo reconhecido pela Fundação Cultural Palmares (FCP), cuja população está organizada também na Associação dos Remanescentes de Quilombo do Monte Alegre fundada em 03 de setembro de 2008.

Em julho de 2013, essas comunidades se articularam e construíram o Movimento Boipeba Viva para conscientizar e sensibilizar toda a população da Ilha para a preservação ambiental, assim como denunciar o mega empreendimento da Mangaba Cultivo de Coco Ltda.

Em setembro de 2013, o Movimento conseguiu se reunir com a Secretária do Desenvolvimento Sustentável (SEDES) do Município de Cairú, Sra. Fabiana Pacheco, para se informar sobre o empreendimento, visto que não sabiam e, muito menos, estavam sendo comunicados sobre a natureza do empreendimento. Eles obtiveram a informação de que tal empreendimento não possui licenciamento ambiental para construir no território, sendo portanto um empreendimento ilegal.

Em 11 de outubro de 2013, o Movimento Boipeba Viva enviou um documento à Prefeitura Municipal de Cairú, direcionado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, denunciando Crime Ambiental provocado pelo projeto imobiliário na ilha. Segundo o Movimento, uma grande parte da Área de Preservação Permanente (APP), caracterizada por restinga, mangues e vegetação rasteira nativa foi destruída por tratores e roçadeiras, desmatando uma faixa de 5 km e somente deixando grama e coqueiros. Observaram também que na área havia muitas embalagens de venenos, e chamaram a atenção para a possibilidade de uso de herbicidas na vegetação. Ainda pontuaram a constrção avançada de quatro casas em uma área de desmatamento. Neste documento, exigiam providências e o pronunciamento imediato da Prefeitura do Município de Cairú.

Segundo o Movimento Boipeba Viva, parte do território da ilha de Boipeba é uma APP, visto que na área ocorre a desova de tartarugas marinhas, nas praias de Tassimirim e ao sul da foz do rio Catu até a Ponta dos Castelhanos. Nestas áreas,

segundo Resolução nº 1.692 de 19 de junho de 1998, que no Artigo 4° caracteriza como zona de proteção rigorosa, no qual corresponde às áreas de preservação definidas pela Legislação Federal e pela Constituição Estadual, só serão permitidos visitação contemplativa controlada, estudos técnicos científicos etc, ficando expressamente proibidas todas as atividades antrópicas que importem em descaracterização da fauna, flora e ecossistemas aquáticos; proibido tráfego de veículos, proibido iluminação nas áreas de desova de tartarugas (conforme portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) N° 11 DE 30/01/95).

Porém, é justamente nesta área de APP que o Movimento encontrou as obras relacionadas ao empreendimento Fazenda Ponta dos Castelhanos.

Dois meses depois, em 11 de novembro de 2013, um documento escrito por Janaina Mello Guimarães foi publicado pelo mesmo Movimento em sua página do Facebook – rede social na qual o Movimento divulga suas atividades. Nele, é exposto o envolvimento financeiro do banqueiro Daniel Dantas no mega empreendimento na ilha de Boipeba. Além de uma grave denúncia, de que o lixo produzido pela população moradora de Cova da Onça/São Sebastião (ambos os nomes se referem ao mesmo povoado) estava sendo transferido pela Mangaba Cultivo de Coco Ltda para um lixão a céu aberto em local escondido em outra parte da ilha de Boipeba e, posteriormente, sendo queimado – causando poluição atmosférica. Tudo isso para afastar o problema do Projeto Fazenda Ponta dos Castelhanos.

Sem nenhuma resposta municipal às denúncias relativas ao Projeto da Mangaba Cultivo de Coco Ltda, o Movimento Boipeba Viva, em 01 de abril de 2014, solicitou uma reunião com o prefeito Fernando Brito para entregar um abaixo-assinado com 400 assinaturas de moradores da ilha de Boipeba, que reivindicam providências do governo municipal em relação ao lixão a céu aberto na Ilha.

Em 03 de julho de 2014 aconteceu a primeira audiência pública sobre o Projeto no povoado de São Sebastião, convocada pelo INEMA. Participaram representantes do INEMA, da empresa de consultoria Grael – que realizou o Relatório de Impacto Ambiental -, representantes do empreendimento, o prefeito, vereadores e secretários do município de Cairú, representantes do Ministério Público, de associações de Boipeba, São Francisco e Barra dos Carvalhos e da Colônia de Pescadores de Cairú e cerca de 500 moradores da Ilha de Boipeba, do município de Cairú e Nilo Peçanha, de acordo com as informações expostas no documento Licenciamento do Empreendimento Imobiliário Fazenda Ponta dos Castelhanos, publicado pela AMABO (S/D),

Segundo reportagem publicada pela Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras (22/06/2014), as populações locais deixaram claro o repúdio pela forma como o projeto está sendo licenciado. Para as comunidades, tudo está sendo feito de forma obscura e sem diálogo. No começo, nós nem sabíamos quem havia comprado o terreno. O comprador ficou escondido e começou a cercar algumas passagens e intimidar ações das comunidades, denunciaram os moradores.

O Projeto, que pretende ocupar 20% da Ilha de Boipeba, em contrapartida, não propõe soluções para o acréscimo de quase 260% de lixo, nem para os diversos impactos ambientais que o próprio projeto aponta, relacionados às agressões ao meio ambiente e às consequências na pesca, na mariscagem e no extrativismo, além da ameaça à biodiversidade da região, segundo a mesma reportagem da Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras.

Na opinião da advogada Kassira Bonfim, que acompanha e defende os interesses das comunidades, a população de Boipeba que esteve presente na audiência fez ótimas intervenções. Um projeto de padrões milionários ofertando às comunidades todas as vantagens estereotipadas do mundo capitalista, mas aquela população teve a lucidez e sabedoria de dizer não em proteção do seu modo de vida, dos seus princípios, das suas crenças, numa demonstração da envergadura moral que eu sempre vi neles, relata a advogada.

As populações afetadas reivindicaram participação no processo de construção do empreendimento, pediram o redesenho do projeto no sentido que atente para as necessidades locais e respeite o seu modo de vida e o próprio meio ambiente. Colocaram a responsabilidade nos órgãos ambientais envolvidos, como o INEMA e o IBAMA, para desacelerarem a maneira desordenada e impositiva com que o mega empreendimento chega à Ilha de Boipeba, segundo informações da Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras (22/07/2014).

Após a audiência, a AMABO, em 05 de julho, publicou uma carta escrita por uma moradora e técnica da área ambiental do Movimento Boipeba Viva, na qual expôs observações bastante pertinentes, chamando a comunidade para participar do debate e cobrando das autoridades medidas efetivas a partir das críticas argumentadas pelos moradores na audiência. Ela escreveu:

O empreendimento só é bom, mais uma vez, repito, o empreendimento só é bom se a comunidade onde este mesmo se insere está contente. Especialmente a comunidade que será mais impactada, pois certamente impactos virão. Mas, se está comunidade está contente inicialmente e participante nesta construção, o social econômico começa a ser respeitado e aí temos que discutir mais o cunho ambiental, onde os que não falam devem ser representados pelos que os amam. Eu, por exemplo, amo a flora, a fauna, os brejos e as restingas de Castelhanos; eu amo aquela fonte, eu amo a restinga das tartarugas, os bancos de areia dos maçaricos e trinta réis, eu amo aquele mangue que me avisa que é hora de partir para Boipeba pois a maré vai subir.

Nós, apenas os presentes do Movimento Boipeba Viva, sentimos e vivemos um momento forte de participação popular, onde realmente poderíamos falar Viva Cova da Onça, pois esta comunidade nos mostrou nesta Audiência Pública seu descontentamento. Não estão felizes pelos empregos que vão ser gerados, enfim pelos impactos que a equipe do estudo e empreendimento apresentam como positivos, pois os mesmos nem se sentem participativos da construção, temem apenas fazer parte do sub emprego (carregar malas, faxina). Onde, mais uma vez, nós do Movimento chamamos à atenção em especial de nosso poder público, de nosso Prefeito Sr. Fernando Britto e do vereador Sr. Igor presentes na mesma, com duração de 8 horas, um verdadeiro dia de trabalho para o desejo verdadeiro de nossa comunidade!

E dos Órgãos Ambientais competentes que lá estavam (INEMA,SEMA), que também avaliarão as questões socioambientais: os caminhos tradicionais, de pescadores, marisqueiros(as) e catadores de mangaba, que deverão ser preservados;

Uma área de Proteção Rigorosa (Castelhanos), onde possuímos Patrimônios da Humanidade: tartarugas marinhas, mangue, tesouros aquíferos e arqueológicos!;

E uma comunidade que ficará cercada pelo empreendimento que ninguém sabe o que trará de bom a São Sebastião e Barra dos Carvalhos!

O estudo de impacto apresentado esqueceu de nosso remanescente quilombola, se esqueceu das condições boas de vida que todos temos aqui e que tememos perder: filhos soltos nas ruas, pois não há carros e violência; o direito de ir e vir livremente em nossas praias e mariscagem; colher frutas em áreas naturais para sustento e aumento da renda e o sonho de todo nativo de comprar e assegurar seu pedacinho de chão…

Novo estudo, nova audiência, novo olhar destes empresários e d nossos representantes políticos, em especial nosso prefeito e vereador Igor, são muito bem vindos e acreditamos ser a única saída para a construção de um empreendimento sustentável em nossa Ilha.

(…) Nós, do Movimento Boipeba Viva, comunidade da Ilha de Boipeba, faremos o possível e o impossível para assegurar que a comunidade tradicional seja protegida, tanto pelos seus direitos como especialmente pelos seus saberes.

Em 19 de julho, os moradores de Boipeba discutiram com advogados sobre o direito de serem preservados como comunidades tradicionais e como participar melhor do processo de licenciamento, além de estratégias que criem condições para que a empresa idealizadora do empreendimento, Mangaba Cultivo de Coco Ltda, ouça a comunidade. Na reunião, os moradores expuseram ainda as ameaças e intimidações para se afastarem das praias, assim como a ilegalidade de lotes em toda a costa cercando manguezais sem a presença de nenhuma fiscalização do governo.

Cronologia

02 de abril de 1995 Fundada a Associação de Moradores e Amigos de Boipeba (AMABO).

2001 Inicia-se a implantação do Projeto Turístico-Imobiliário Fazenda Ponta dos Castelhanos da empresa Mangaba Cultivo de Coco Ltda, na Ilha de Boipeba.

03 de setembro de 2008 Fundada a Associação dos Remanescentes de Quilombo do Monte Alegre.

Julho de 2013 Fundado o Movimento Boipeba Viva.

Setembro de 2013 – Movimento Boipeba Viva se reúne com a Secretária do Desenvolvimento Sustentável (SEDES) do Município de Cairú, Sra. Fabiana Pacheco.

11 de outubro de 2013 – Movimento Boipeba Viva envia documento à Prefeitura Municipal de Cairú denunciando Crime Ambiental provocado pelo projeto imobiliário da empresa Mangaba Cultivo de Coco Ltda na ilha.

11 de novembro de 2013 – Documento escrito por Janaina Mello Guimarães é publicado pelo Movimento Boipeba Viva. Neste, é exposto o envolvimento financeiro do banqueiro Daniel Dantas ao mega empreendimento na ilha de Boipeba. Além de uma grave denúncia, de que o lixo de Cova da Onça estava sendo transferido para um lixão a céu aberto em local escondido em outra parte da ilha de Boipeba, sendo queimado e causando poluição atmosférica.

01 de abril de 2014 – Movimento Boipeba Viva solicita reunião com o prefeito Fernando Brito para entregar um abaixo-assinado com 400 assinaturas de moradores da ilha de Boipeba, que reivindica providências do governo municipal em relação ao lixão a céu aberto na Ilha.

03 de julho de 2014 – Acontece a primeira audiência pública sobre o Projeto Fazenda Ponta dos Castelhanos, no povoado de São Sebastião, convocada pelo INEMA.

19 de julho de 2014 – Moradores de Boipeba discutem com advogados sobre o direito de serem preservados como comunidades tradicionais e como participar melhor do processo de licenciamento, além de estratégias que criem condições para que a empresa idealizadora do empreendimento, Mangaba Cultivo de Coco Ltda, ouça a comunidade.

Fontes

Associação de Moradores e Amigos de Boipeba – AMABO. Ilha de Boipeba. Publicado em (S/D). Disponível em: http://goo.gl/GO2aJR. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Associação de Moradores e Amigos de Boipeba – AMABO. Licenciamento do Empreendimento Imobiliário Fazenda Ponta dos Castelhanos. Publicado em S/D. Disponível em: http://goo.gl/8U5B9T. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras. Comunidades da Ilha de Boipeba/BA lutam para defender território de mega projeto imobiliário. Publicado em 22 de julho de 2014. Disponível em: http://goo.gl/65Z3Bm. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Catraca Livre A cidade em sua mão. Projeto imobiliário ameaça Ilha de Boipeba. Publicado em 17 de julho de 2014. Disponível em: http://goo.gl/SsxJK9. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Relatório de Impacto Ambiental do Projeto produzido pela Grael Ambiental Consultoria. Publicado em fevereiro de 2014. Disponível em: http://goo.gl/dwLhJ9. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Mama Terra. Boipeba pede socorro! Cova da Onça Um diamante que não precisa ser lapidado. Publicado em 08 de julho de 2014. Disponível em: http://goo.gl/5xQlN5. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Movimento Boipeba Viva Facebook. Breve avaliação ecológica dos impactos ambientais causados pelo desmatamento de Área de Proteção Permanente (APP) e por futuras obras de turismo, sem licenciamentos e estudos ambientais, na fazenda dos Castelhanos / Praia de Castelhanos (Zona de proteção e desova de tartarugas marinhas) / Ilha de Boipeba / Cairu / Bahia. Publicado em 11 de novembro de 2013. Disponível em: http://goo.gl/7dj4iA. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

______. Carta ao Gabinete do Prefeito. Publicado em 01 de abril de 2014. Disponível em: http://goo.gl/7dj4iA. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

______. Carta do Movimento Boipeba Viva de Sensibilização ambiental. Publicado em 01 de julho de 2014. Disponível em: http://goo.gl/7dj4iA. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

______. Carta Verde. Publicado em 10 de outubro de 2013. Disponível em: http://goo.gl/7dj4iA. Acesso em: 19 de agosto de 2014

______. Documento à Prefeitura Municipal de Cairu. Publicado em 11 de outubro de 2013. Disponível em: http://goo.gl/7dj4iA. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

______. Relato Carta para construção de um verdadeiro empreendimento sustentável em Boipeba. Publicado em 05 de julho de 2014. Disponível em: http://goo.gl/7dj4iA. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

Notícias R7. Moradores de Cairu denunciam que lixão não tem tratamento adequado. Publicado em 25 de junho de 2014. Disponível em: http://goo.gl/m8l6KZ. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

UNA Arquitetos. Plano Ponta dos Castelhanos. Publicado em S/D. Disponível em: http://goo.gl/iq6WKm. Acesso em: 19 de agosto de 2014.

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