SP – Jurubatuba é considerada a área com o maior passivo ambiental da cidade de São Paulo

UF: SP

Município Atingido: São Paulo (SP)

Outros Municípios: São Paulo (SP)

População: Moradores de aterros e/ou terrenos contaminados

Atividades Geradoras do Conflito: Indústria química e petroquímica

Impactos Socioambientais: Poluição de recurso hídrico, Poluição do solo

Danos à Saúde: Doenças não transmissíveis ou crônicas

Síntese

Jurubatuba é considerada a área com o maior passivo ambiental da cidade de São Paulo. Os aqüíferos da região estão contaminados com solventes clorados. Além da proximidade com a represa Billings, há na área um grande número de indústrias com aqüíferos poluídos, uma faculdade e bairros residenciais expostos à contaminação.

Contexto Ampliado

A região de Jurubatuba, na zona sul da capital paulista, foi descrita pela Ctesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) como um ?mosaico de contaminações?.

A área é considerada a mais crítica da cidade porque tem uma extensão maior de água subterrânea afetada por solventes clorados, contaminantes químicos que podem causar câncer.

Os córregos que cortam a região são formadores da represa Billings. Próximos às áreas com presença de contaminantes estão instalados uma faculdade do Senac, com centenas de estudantes, e vários condomínios residenciais.

De acordo com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Contaminações Ambientais da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, seriam 21 empresas as responsáveis pela contaminação ambiental em Jurubatuba.

A história começou pela auto-denúncia da Gilette, na Rua Eusébio Stevaux, em 2001. A empresa, que adquiriu o terreno da Duracell, encontrou solventes. Com o alerta, a Cetesb vasculhou a região. Das dez empresas fiscalizadas sete têm passivos ambientais e estão com programas de tratamento. Essa área apresenta uma concentração elevada de solventes clorados, causada possivelmente da antiga atividade de desengraxe de tampas de baterias.

A contaminação vem de décadas e agora está mais visível. A prática de perfuração de poços clandestinos agrava a contaminação, disseminando poluentes. As águas estão contaminadas com metais pesados e com solventes, que á medida que se decompõem tornam-se mais tóxicos, causando doenças do fígado, rins, pulmão e até câncer.

Há dois aqüíferos na região. Os contaminantes podem ter surgido por infiltração ou resíduos enterrados. Como os produtos dissolvem em água, desceram para o lençol freático. Com a direção da água subterrânea, foi formando uma pluma de contaminação. Como os contaminantes são mais densos que a água, eles atingiram o lençol artesiano. Um bairro residencial está a cerca de 600 metros da área. Esse processo levou cerca de 30 anos.

Os principais solventes clorados encontrados na área são cloreto de vinila, dicloroetano, dicloroeteno, tetracloroeteno e tricoloeteno, todos eles produtos tóxicos. Em uma das empresas com poços analisados, a concentração de cloreto de vinila (o composto mais tóxico identificado) equivale a 46,8 vezes o padrão permitido. A concentração que não traz risco à saúde é de até 5 microgramas por litro, a análise indicou 234 g/l.

A concentração de tetracloroeteno na água dos poços também está muito além dos limites autorizados. Em um dos casos, o composto representava 19 vezes os padrões preconizados. O permitido é até 40 g/l, mas foram identificados 775 g/l. Também detectou-se alta concentração de CIS-1,2-dicloroeteno, composto que nem sequer tem limites de concentração na água definidos na legislação brasileira.

Na área, além de risco químico, haveria também riscos físicos (radiação). Indústrias Nucleares do Brasil, empresa ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, mantém quase uma tonelada de resíduos provenientes de processamento de material radioativo produzido pela usina Santo Amaro (USAN) da extinta Nuclemon, desativada em 1995. Nas instalações da empresa, na avenida Nações Unidas, encontram-se armazenados resíduos do processo de extração de minerais pesados, utilizando solventes, a partir de areias monazíticas. Um desses minerais, a monazita, tem na sua composição dois elementos radioativos naturais: tório e urânio.

O monitoramento da radiação é feito pela própria INB e é comparado periodicamente com os dados levantados pela auditoria da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Na sexta-feira dia 20 de Março de 2009, a CPI das Contaminações Ambientais realizou diligência com o o objetivo de conhecer mais detalhadamente a área contaminada e atestar quais são os encaminhamentos de soluções dados pelas empesas responsáveis pelos terrenos onde foram identificados problemas (Procter & Gamble, shopping SP Market Center, Sandvik do Brasil e Indústria Nucleares do Brasil.). No dia 2 de abril, a CPI realizou nova diligência na região, desta vez, a comitiva de deputados visitou as empresas MWM International Indústria de Motores da América do Sul Ltda, SPAL Indústria Brasileira de Bebidas S/A, o Senac e o condomínio localizado na Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 2461.

Também a Câmara Municipal de São Paulo instalou uma CPI de Danos Ambientais, que na terça-feira dia 17 de março de 2009 discutiu o caso da contaminação em Jurubatuba.

O passivo ambiental do bairro de Jurubatuba já tinha sido assunto da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado, em 22 de novembro de 2005.

Última atualização em: 25 de fevereiro de 2010

Fontes

Comissão de Meio Ambiente da Assembléia discute contaminação em Jurubatuba. Disponível em
http://www.cetesb.sp.gov.br/noticentro/2005/11/23_jurubatuba.htm

Contaminação do lençol aqüífero na área do Jurubatuba/Santo Amaro – Área industrial é cercada por casas. Disponível em http://www.sbinterlagos.org.br/sbi/novidades/view.asp?id=63

CPI convoca responsáveis por contaminação da Represa de Jurubatuba. Disponível em http://www.jusbrasil.com.br/noticias/897604/cpi-convoca-responsaveis-por-contaminacao-da-represa-de-jurubatuba

CPI das Contaminações Ambientais realiza nova diligência em Jurubatuba. Disponível em

http://rodolfocostaesilva.wordpress.com/2009/04/01/cpi-das-contaminacoes-ambientais-realiza-nova-diligencia-em-jurubatuba/

CPI das Contaminações Ambientais visita empresas em Jurubatuba. Disponível em http://www.jusbrasil.com.br/noticias/955007/cpi-das-contaminacoes-ambientais-visita-empresas-em-jurubatuba

CPI de Danos Ambientais discute contaminação de Jurubatuba. Disponível em
http://www.camara.sp.gov.br/cr0309_net/forms/frmNoticiaDetalhe.aspx?n=711

Histórico Jurubatuba ? Disponível em http://www.fiesp.com.br/sbsnetv2/big/ambiente/pdf/seminario_agua/06_elton_gloeden.pdf

Jurubatuba é área mais crítica e água foi afetada em São Paulo. Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,AA1373894-5605,00.html

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