SP – Trabalhadores rurais Sem Terra reivindicam adjudicação das terras e melhores condições de infraestrutura básica do acampamento

UF: SP

Município Atingido: Serrana (SP)

Outros Municípios: Serra Azul (SP), Serrana (SP)

População: Trabalhadores rurais sem terra

Atividades Geradoras do Conflito: Agrotóxicos, Monoculturas

Impactos Socioambientais: Alteração no regime tradicional de uso e ocupação do território, Contaminação ou intoxicação por substâncias nocivas, Falta de saneamento básico, Incêndios e/ou queimadas

Danos à Saúde: Piora na qualidade de vida, Violência – ameaça, Violência – coação física, Violência – lesão corporal, Violência psicológica

Síntese

O acampamento Alexandra Kollontai ocupa atualmente parte das terras da fazenda Martinópolis no município de Serrana, localizado na microrregião de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo. O acampamento é fruto do trabalho de base realizado pelo Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), principalmente, nas cidades de Serrana, Serra Azul e Cajuru – SP.

Há oito anos, os acampados lutam para que as terras da fazenda Martinópolis sejam adjudicadas pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo como parte da dívida pela sonegação do ICMS pela Usina Martinópolis, e que as libere para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) assentar as famílias do acampamento.

A fazenda Martinópolis é um latifúndio de 1870 hectares de terras, onde desde 1972 funciona a Usina Martinópolis (para a produção de álcool e açúcar). Todavia, em 1995, com a decadência do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), a Usina entrou em processo de falência, devendo aos trabalhadores, aos empreiteiros e ao fisco – segundo consta no Cadastro da Dívida Ativa do Estado de São Paulo. Atualmente, a Usina Martinópolis e a fazenda Martinópolis foram arrendadas pela Usina Nova União, que contraiu novas dívidas, continuou com a sonegação de impostos e também deixou de pagar aos trabalhadores.

Os trabalhadores do acampamento Alexandra Kollontai já ocuparam a Fazenda por diversas vezes e, em sua grande maioria, foram despejados violentamente pela Polícia Militar. No momento, aguardam a conclusão da perícia do processo de adjudicação iniciado em 1986 pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo, cujo prazo de término é junho de 2014.

Contexto Ampliado

O acampamento Alexandra Kollontai ocupa atualmente parte das terras da fazenda Martinópolis no município de Serrana, localizado na microrregião de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo. O acampamento é fruto do trabalho de base realizado pelo Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), principalmente, nas cidades de Serrana, Serra Azul e Cajuru SP.

O Acampamento se constituiu em 22 de maio de 2008, quando foi realizada a ocupação da fazenda Bocaina no município Serra Azul, próxima ao km 23 da Rodovia Abrão Assed principal rodovia que interliga os municípios de Cajuru, Serrana, Serra Azul e Ribeirão Preto. Neste período, aproximadamente 150 trabalhadores ocuparam a fazenda alegando que as terras pertenciam ao Estado e que a Usina Martinópolis usava a área ilegalmente há cerca de 20 anos para lavoura de cana-de-açúcar, de acordo com informações do site Brasil Agro (06/06/2008).

Porém, o acampamento Alexandra Kollontai permaneceu na fazenda Bocaina por apenas 14 dias. Em 05 de maio, os trabalhadores, cientes do pedido de reintegração de posse emitido pela Justiça de Cravinhos – umas das promotorias de Justiça da Regional de Ribeirão Preto -, deixaram o local. No dia seguinte, cem policiais militares com motos e um helicóptero Águia compareceram à fazenda para cumprirem a reintegração de posse e foram surpreendidos pelos trabalhadores sem terra que desfizeram o Acampamento. Ainda segundo informações do site Brasil Agro (06/06/2008), em seguida, as famílias ocuparam a fazenda Santa Clara no mesmo município – Serra Azul -, terras que também eram utilizadas para lavoura de cana-de-açúcar.

No mesmo dia em que chegaram às terras, 06 de maio de 2008, a Polícia Militar foi convocada pelo dono da fazenda Santa Clara, solicitando que a mesma retirasse os trabalhadores da área. Estiveram presentes para a negociação o capitão Vagner Barato, da Polícia Militar, e o promotor Wanderley Trindade. Após prometerem que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) iria cadastrar as famílias, os sem-terra deixaram o local e foram para o assentamento Sepé Tiaraju, também na cidade de Serra Azul, de acordo com reportagem publicada pelo site Brasil Agro (06/06/2008). Esse Assentamento existia há, aproximadamente, 10 anos e se destaca na produção de alimentos orgânicos, fornecidos para as escolas e entidades governamentais de toda a região, segundo informações do MST (10/03/2014).

A próxima ocupação do acampamento Alexandra Kolonttai foi em 06 de dezembro de 2008, quando cerca das 150 famílias reocuparam a fazenda Santa Clara, às margens do Km 31 da rodovia Abrão Assed. Segundo o MST, a área seria de propriedade do governo estadual e também estaria sendo utilizada ilegalmente, segundo reportagem da Folha de São Paulo (08/12/2008). Contudo, não foi divulgado como e quando ocorreu a reintegração de posse dessa ocupação.

Em 01 de maio de 2009, de acordo com informação da Adital (17/06/2009), após as atividades de mobilização da Jornada de Lutas em abril, os integrantes do acampamento Alexandra Kolonttai, que estavam abrigados no assentamento Sepé Tiarajú, se reorganizaram para ocupar a fazenda Martinópolis, no município de Serrana. O acampamento foi montado em parte da área da Fazenda, acesso pelo km 31 da Rodovia Abraão Assed, atrás do assentamento Sepé Tiarajú.

A fazenda Martinópolis é um latifúndio de 1870 hectares, que, no passado, foi fazenda de leite, café, amendoim, milho, arroz, com casa de fubá e rapadura. Atualmente, a única cultura cultivada na área é a cana-de-açúcar e um pequeno roçado de milho e soja. Porém, existe uma parte em que não há nenhum cultivo e que, de acordo com as histórias da região, antigamente era o local da senzala. Segundo notícia divulgada pelo MST (24/02/2012), em 1972, a fazenda criou a Usina Martinópolis (para a produção de álcool e açúcar) e, em 1975, chegou a ter mais de 1000 trabalhadores durante a safra. Principalmente, devido aos incentivos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), programa de substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados de petróleo por álcool, financiado pelo governo federal. Entretanto, em 1995, com a decadência do Programa, a Usina entrou em processo de falência, devendo os trabalhadores, aos empreiteiros e ao fisco, segundo consta no Cadastro da Dívida Ativa do Estado de São Paulo.

Dessa forma, a fazenda Martinópolis foi arrematada pelo Governo do Estado de São Paulo por adjudicação fiscal durante o período de 1991 a 2002; todavia, durante esses dez anos, o Governo nada fez com as terras. O processo de 1986, localizado na 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto SP, para futura adjudicação dos bens em nome da Usina Martinópolis pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo está paralisado. O MST defende (10/03/2014) que a execução fiscal se justificaria em decorrência da sonegação fiscal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de multas ambientalistas. De acordo com o procurador do Estado de São Paulo em Ribeirão Preto, Dr. Paulo Neme, a dívida ultrapassa o valor dos bens pertencentes da Usina, cerca de 300 milhões de reais, notícia publicada pelo MST (17/06/2009).

Enquanto o processo se encontrava paralisado, a Usina Martinópolis e a fazenda Martinópolis foram arrendadas pela Usina Nova União. A empresa arrendatária contraiu novas dívidas, continuou com a sonegação de impostos e também deixou de pagar aos trabalhadores. Segundo o site do MST (24/02/2012), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) de Mato Grosso do Sul informou que, entre os trabalhadores da Usina Nova União, 300 eram indígenas e foram contratados sem nenhuma regulamentação. Além disso, o transporte e o alojamento para os trabalhadores eram precários, faltavam equipamentos de segurança no trabalho e o ganho por produtividade levava os cortadores à exaustão. Por conta disso, a Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região desenvolveu investigação sobre a Usina Nova União por driblar os compromissos trabalhistas.

Considerando essas situações irregulares, o MST ocupou as terras da fazenda Martinópolis como estratégia de reivindicação. O Movimento solicitava que a Fazenda Pública do Estado de São Paulo recebesse as terras como parte da dívida pela sonegação do ICMS e que as liberasse para o INCRA assentar as famílias do acampamento Alexandra Kollontai. Contudo, em 25 de maio, a Polícia Militar de SP realizou a desocupação da área a partir de um pedido judicial de reintegração de posse para a fazenda Martinópolis, segundo informação da Adital (17/06/2009).

Insistindo em seus direitos, os trabalhadores do Alexandra Kollontai, em 11 de junho de 2009, reocuparam a área da fazenda Martinópolis, com aproximadamente 45 famílias. Entretanto, permaneceram nas terras por muito pouco tempo. No dia 06 de julho, o Batalhão da Polícia Militar foi enviado para retirar os trabalhadores das terras. Segundo informações divulgadas pelo MST (06/07/2009), a Polícia Militar e os seguranças da Usina Nova União bloquearam o acesso da imprensa à área do Acampamento. Os sem terra saíram da fazenda sem que o Instituto de Terras de São Paulo (ITESP) cadastrasse os trabalhadores, alegando problemas logísticos para ir até a fazenda. Como estratégia de resistência, os trabalhadores se mantiveram nas margens da rodovia Abraão Assed. No período de um ano, de junho de 2008 a junho de 2009, essa foi a quarta ocupação do acampamento Alexandra Kollontai, sendo que em todas houve reintegração de posse com a presença da Polícia Militar do estado de São Paulo.

Em 05 de janeiro de 2011, as terras da fazenda Martinópolis foram reocupadas por 250 integrantes do MST. Dessa vez, a ocupação foi realizada por – além dos trabalhadores do Alexandra Kollontai – integrantes do MST da região da grande São Paulo, Vale do Paraíba, Campinas e Ribeirão Preto. Os trabalhadores afirmaram que, além da sonegação do ICMS, a Usina tinha novas dívidas trabalhistas, visto que não havia pago os salários e os direitos trabalhistas de seus 600 funcionários no ano de 200, segundo informações do site Passa a Palavra (05/01/2011). Entretanto, o acampamento se manteve por dois dias nas terras da fazenda Martinópolis. No dia 07 de janeiro, a Polícia Militar, acompanhada pelo batalhão de choque, novamente retirou as famílias. Segundo relatos dos acampados publicado no site do MST (07/01/2011), a ação policial foi realizada com violência e ameaças.

O Jornal Estadão (07/01/2011) informou que os trabalhadores despejados foram para o Assentamento Sepé Tiaraju, e que alguns integrantes do Acampamento se reuniram com representantes da Procuradoria Geral do Estado, em Ribeirão Preto, reivindicando a área. Contudo, nada foi informado sobre nenhuma negociação ou desdobramentos dessa reunião.

Indignados com a omissão do governo de São Paulo, os integrantes do Acampamento Alexandra Kollontai, juntamente com outros assentados e acampados dos municípios de Ribeirão Preto, Serrana, Serra Azul e São Simão – além de aliados da Reforma Agrária de sindicatos, pastorais sociais, estudantes, movimento sem teto, movimento ambientalista e professores -, organizaram uma marcha. No dia 11 de abril, saíram de Serrana e caminharam até o município de Ribeirão Preto, com o objetivo de denunciar a paralisia do INCRA e do ITESP, órgãos responsáveis pelo atendimento da pauta das famílias acampadas e assentadas no estado. Durante a marcha, os sem terra distribuíram para a população alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e produzidos nos assentamentos, além de jornais do Movimento, de acordo com a reportagem do MST (11/04/2011).

O ano de 2012 começou com uma nova ocupação das terras da fazenda Martinópolis pelo acampamento Alexandra Kollontai; contudo, ampliaram seu repertório de ação incluindo a proposta de transformar a área num assentamento agroindustrial. Em 11 de fevereiro, cerca de 200 integrantes reocuparam a Fazenda, denunciando também que a monocultura da cana prejudicaria o ecossistema da região de Ribeirão Preto. Em pleno domingo de carnaval, após oito dias na área, o Acampamento foi invadido por um trator que destruiu parte dos barracos, numa ação que tentou assustar os trabalhadores. Contudo, os sem terra resistiram na área e, no dia seguinte, 20 de fevereiro, realizaram uma oficina no Acampamento para explicar a importância de um plantio diversificado, com o objetivo de preservar o meio ambiente e contribuir com a soberania alimentar. Os trabalhadores aprenderam a aproveitar a cana-de-açúcar derrubada como matéria orgânica na produção da agrofloresta, segundo informações do MST (16/02 e 20/02/2012).

Indiferente a todos os esforços das famílias do Alexandra Kollontai, de acordo com a reportagem do MST (24/02/2012), no início de fevereiro, a juíza da Vara Cível de Serrana, Andréia Schiavo, aprovou o pedido da Usina Nova União de recuperação da usina. A juíza deu 60 dias para a consultora Deloitte Touche Tohmatsu, nomeada administradora judicial, apresentar o plano de recuperação da usina. Na reportagem, o Movimento expôs sua indignação e questionou: Quantas oportunidades serão dadas a quem já demonstrou inaptidão para lidar com a terra, a vida, os trabalhadores?.

Seguindo as atividades de fortalecimento do Acampamento, no dia 05 de março, o acampamento Alexandra Kollontai recebeu algumas mulheres do MST de São Paulo para o Encontro Regional das Mulheres do MST. Durante o Encontro, as mulheres se reuniram em plenária e estudaram textos sobre a luta das mulheres. A atividade ocorreu com o objetivo de chamar atenção para a organicidade do Alexandra Kollontai e legitimar a reivindicação pelo assentamento.

Todavia, em 22 de março, o Acampamento foi retirado das terras da fazenda Martinópolis pela Polícia Militar. Em reportagem, o MST (22/03/2012) expôs que foi o sexto despejo das famílias do Alexandra Kollontai. A operação foi comandada pelo major Mango e estiveram no local a tropa de choque, 10 viaturas, um caminhão do corpo de bombeiros e um ônibus de Policiais Militares. Segundo a mesma reportagem, a juíza Andréa Schiavo, da comarca de Serrana, reativou um processo de interdito proibitório de 2010 e o transformou em reintegração de posse para a Usina Nova União.

Os relatos apontaram que não houve violência física pela Polícia Militar, mas que os sem terra foram muito humilhados. As famílias se abrigaram nas margens da rodovia Abraão Assed, dormiram ao relento e, durante essa noite, houve uma forte chuva que contribuiu para que os acampados perdessem muitos de seus pertences. A notícia no blog Almoço das Horas (26/03/2012) expôs também que, no dia seguinte, os sem terra conseguiram reaver alguns de seus pertences que ficaram na Fazenda (bandeiras, lonas, bambus e materiais que usavam para construir os barracos) por solidariedade dos trabalhadores da Usina que se negaram a destruí-los.

Em 2013, o acampamento Alexandra Kollontai realizou mais duas ocupações da fazenda Martinópolis. A primeira foi no início do ano, em 07 de março, durante a Jornada de Lutas das Mulheres da Via Campesina, quando cerca de 200 mulheres ocuparam a área. Em seguida, no dia 11 de março, os sem terra realizaram uma ocupação do prédio do ITESP, em Araraquara, exigindo que o Instituto firmasse uma parceria com o INCRA para a implementação do projeto de assentamento na fazenda Martinópolis, visto que o governador Geraldo Alckmin se comprometeu em adjudicar a fazenda. Entretanto, nenhuma ação concreta do Estado apresentava essa decisão.

No mês de maio, o Acampamento sofreu mais uma ação de despejo pela PM. Os trabalhadores, aproximadamente 350 famílias, tiveram que se abrigar em uma área de recuo próxima à rodovia Abraão Assed. Em 21 de agosto, o site do MST (21/03/2013) divulgou mais uma ação de resistência do Alexandra Kollontai: os sem terra marcharam até a prefeitura de Serrana, reivindicando, além da adjucação das terras, melhores condições de infraestrutura básica do acampamento (água, recolhimento do lixo, saúde, educação e transporte escolar para que as crianças e os adolescentes possam ir para as escolas da cidade).

Sem nenhuma resposta do governo estadual e municipal, os trabalhadores reocuparam, pela segunda vez no mesmo ano, a fazenda Martinópolis em 31 de agosto. Nessa ocasião, denunciaram que a Usina Nova União estaria utilizando um altíssimo volume de agrotóxico no monocultivo da cana-de-açúcar, contaminando as águas e o solo, e que as queimadas da palha da cana e os focos de incêndio estariam expondo as famílias a riscos de saúde, notícia publicada no site do MST (31/08/2013).

Após nove dias de ocupação, em 09 de setembro, a justiça de Serrana autorizou um novo despejo, mas pela primeira vez o acampamento Alexandra Kollontai conseguiu suspender uma reintegração de posse da fazenda Martinópolis. Com uma intensa mobilização do MST e sem a permissão do Ministério Público de Ribeirão Preto, a medida de reintegração foi passível de anulação. Na mesma reportagem que expôs a conquista do Acampamento, o Jornal Diário Sudoeste (27/09/2013) pontuou que a luta dos sem terra já se alongava durante cinco anos: ora as famílias acampavam nas margens da rodovia Abrão Assed, ora ocupavam o interior da fazenda. Mas, em nenhum momento, deixaram de reivindicar as terras da fazenda Martinópolis e denunciar a Usina Nova União.

Em 2014, o Acampamento iniciou suas atividades políticas com um seminário para discutir a violência contra as mulheres, organizado pelo Coletivo de Mulheres do MST de Ribeirão Preto. O encontro reuniu cerca de 300 mulheres do MST e de movimentos aliados, que produziram uma carta de apoio à adjudicação da fazenda Martinópolis, enviada ao secretário da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo, Sr. Edson Aparecido.

Neste documento, pontuaram que o processo de adjucação da fazenda Martinópolis, pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo, encontra-se paralisado desde 1986. Por conta disso, o MST iniciou um processo de luta pela realização de Reforma Agrária no imóvel e, embora o INCRA já tenha documentado seu compromisso de realizar o Projeto de assentamento, existiria tabém um compromisso do ITESP, do governo do Estado de São Paulo – firmado em audiência em agosto de 2012 – e a posição favorável do Ministério Público Estadual. Entretanto, as famílias continuam sendo violentamente despejadas da área. Diante deste quadro, é urgente e necessária a adjudicação da fazenda Martinópolis pelo governo do Estado de São Paulo para que seja destinada ao assentamento de famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra acampadas há quase seis anos, segundo informação publicada pelo MST (10/03/2014).

No dia 31 de março, os sem terra do acampamento Alexandra Kollontai conseguiram se reunir com representantes do governo estadual no palácio dos Bandeirantes, no intuito de resolver o impasse diante da desapropriação da fazenda Martinópolis. Todavia, nada foi resolvido, visto que uma nova ação de despejo do Acampamento ocorreu em 31 de abril, quando 200 policiais militares cercaram o acampamento. Na mesma nota, o MST (01/04/2013) divulgou que o prazo para o encerramento da perícia do processo de adjudicação de 1986 pela Fazenda Pública do Estado de São Paulo é em junho de 2014.

Na última notícia publicada pelo MST sobre o acampamento Alexandra Kollontai, em 03 de abril, foi divulgado que o arcebispo da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Dom Moacir Silva, visitou o Acampamento e declarou apoio às famílias. No momento, o Movimento também aguarda resposta da petição, entregue no dia 01 de abril pelo MST e pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, solicitando a suspensão da reintegração de posse, que teve início em 31 de abril.

Cronologia

22 de maio de 2008 – Primeira ocupação do Acampamento Alexandra Kollontai da fazenda Bocaina no município Serra Azul.

05 de maio 2008 – Trabalhadores deixam a fazenda Bocaina, sob um mandato de despejo, e ocupam a fazenda Santa Clara, também no município Serra Azul.

06 de maio de 2008 – Polícia Militar retira os trabalhadores da fazenda Santa Clara e esses são abrigados no assentamento Sepé Tiaraju, cidade de Serra Azul.

06 de dezembro de 2008 – Acampados do Alexandra Kollontai reocupam a fazenda Santa Clara.

S/D Despejo das famílias do Kollontai que ocupavam a fazenda Santa Clara.

01 de maio de 2009 – Após as atividades de mobilização da Jornada de Lutas em abril, os integrantes do acampamento Alexandra Kolonttai se reorganizam para ocupar a fazenda Martinópolis, no município de Serrana.

25 de maio de 2009 Trabalhadores são despejados pela Polícia Militar de SP a partir de um pedido judicial de reintegração de posse para a fazenda Martinópolis.

11 de junho de 2009 Acampados do Alexandra Kollontai reocupam a área da fazenda Martinópolis.

06 de julho de 2009 – Batalhão da Polícia Militar é enviado para retirar os trabalhadores das terras da fazenda Martinópolis.

05 de janeiro de 2011 – Terras da fazenda Martinópolis são reocupadas por 250 integrantes do MST.

07 de janeiro de 2011 – Polícia Militar, acompanhada pelo batalhão de choque, novamente retira as famílias da fazenda.

11 de abril de 2011 Acampamento Alexandra Kollontai, juntamente com outros assentados e acampados do MST, caminha até o município de Ribeirão Preto, com o objetivo de denunciar a paralisia do INCRA e do ITESP, órgãos responsáveis pelo atendimento da pauta das famílias acampadas e assentadas no estado.

11 de fevereiro de 2012 Acampados do Acampamento Alexandra Kollontai reocupam a fazenda Martinópolis, denunciando que a monocultura da cana prejudica o ecossistema da região de Ribeirão Preto.

19 de fevereiro de 2012 – Após oito dias, o Acampamento é invadido por um trator, que destruiu parte dos barracos.

20 de fevereiro de 2012 É realizada uma oficina no Acampamento para explicar a importância de um plantio diversificado, com o objetivo de preservar o meio ambiente e contribuir com a soberania alimentar.

Fevereiro de 2012 – Juíza da Vara Cível de Serrana, Andréia Schiavo, aprova o pedido da Usina Nova União de recuperação da usina nas terras da fazenda Martinópolis.

05 de março de 2012 – Acampamento Alexandra Kollontai recebe algumas mulheres do MST de São Paulo para o Encontro Regional das Mulheres do MST.

22 de março de 2012 – Acampamento é despejado da fazenda Martinópolis pela Polícia Militar.

07 de março de 2013 – Acampados realizam mais uma ocupação da fazenda Martinópolis; essa ocorre durante a Jornada de Lutas das Mulheres da Via Campesina.

Maio de 2013 – Acampamento sofre mais uma ação de despejo pela PM.

21 de agosto de 2013 – Sem terra do Alexandra Kollontai marcham até a prefeitura de Serrana, reivindicando, além da adjucação das terras, melhores condições de infraestrutura básica do acampamento.

31 de agosto de 2013 Trabalhadores reocupam a fazenda Martinópolis e denunciam o altíssimo volume de agrotóxico no monocultivo da cana-de-açúcar pela Usina Nova União.

09 de setembro de 2013 – Justiça de Serrana autoriza um novo despejo, mas pela primeira vez o acampamento Alexandra Kollontai consegue suspender uma reintegração de posse da fazenda Martinópolis.

10 de março de 2014 Ocorre no Acampamento um seminário para discutir a violência contra as mulheres, organizado pelo Coletivo de Mulheres do MST de Ribeirão Preto. Nesse seminário, produzem uma carta de apoio à adjudicação da fazenda Martinópolis, enviada ao secretário da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo, Sr. Edson Aparecido.

31 de março de 2014 – Sem terra do acampamento Alexandra Kollontai conseguem se reunir com representantes do governo estadual no palácio dos Bandeirantes.

31 de abril de 2014 Em uma nova ação de despejo do Acampamento, 200 policiais militares cercam o acampamento.

01 de abril de 2014 – MST e Defensoria Pública do Estado solicitam a suspensão da reintegração de posse.

03 de abril de 2014 – Arcebispo da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Dom Moacir Silva, visita o Acampamento e declara apoio às famílias.

Fontes

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BLOG ALMOÇO DAS HORAS. Acampamento sofre despejo em Serrana (SP). Publicado em: 26 de março de 2012. Disponível: http://goo.gl/4HT1RN. Acessado em: 11/04/2014.

BRASIL AGRO. Serra Azul: MST deixa área depois de promessa do INCRA. Publicado em: 06 de junho de 2008. Disponível em: http://goo.gl/yHg1No. Acessado em: 11/04/2014.

DIÁRIO DO SUDESTE. TJ suspende liminar de reintegração de posse em área invadida em Serrana. Publicado em: 27 de Setembro de 2013. Disponível em: http://goo.gl/PcGTpQ. Acessado em: 14/04/2014.

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JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO. Famílias liberadas pelo MST invadem área em Serra Azul. Publicado em 08 de dezembro de 2008. Disponível em: http://goo.gl/CrIhDS. Acessado em: 11/04/2014.

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______. Sem Terra fazem marcha na região de Ribeirão Preto. Publicado em: 11 de abril de 2011. Disponível em: http://goo.gl/sXPXb2. Acessado em: 11/04/2014.

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______. Sem Terra ocupam prédio do Itesp em Araraquara para desapropriar latifúndio. Publicado em: 11 de março de 2013. Disponível em: http://goo.gl/RqWYAo. Acessado em: 11/04/2014.

______. Sem Terra ocupam mais três áreas no estado de São Paulo. Publicado em: 31 de agosto de 2013. Disponível em: http://goo.gl/Swvk3z. Acessado em: 11/04/2014.

______. Sem Terra conseguem suspender liminar de reintegração de posse em Serrana. Publicado em: 27 de setembro de 2013. Disponível em: http://goo.gl/Wb0ssB. Acessado em: 11/04/2014.

______. Sem Terra aguardam adjudicação da fazenda Martinópolis nesta segunda. Publicado em: 31 de março de 2014. Disponível em: http://goo.gl/LQy8Bc. Acessado em: 11/04/2014.

______. Tropa de Choque da PM cerca acampamento na região de Ribeirão Preto. Publicado em: 22 de março de 2012. Disponível: http://goo.gl/PbjzjD. Acessado em: 11/04/2014.

______. 300 famílias ocupam mais uma fazenda em SP. Publicado em: 07 de janeiro de 2011. Disponível em: http://goo.gl/KtVeZw. Acessado em: 11/04/2014.

PASSA PALAVRA. Nova ocupação de terras nesta madrugada. Publicado em 5 de janeiro de 2011. Disponível em: http://passapalavra.info/2011/01/33977. Acessado em: 14/04/2014.

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