SP – Quilombolas descendentes de José Joaquim de Camargo lutam para garantir o direito à posse de suas terras
UF: SP
Município Atingido: Votorantim (SP)
Outros Municípios: Araçoiaba da Serra (SP), Piedade (SP), Salto de Pirapora (SP), Sarapuí (SP), Sorocaba (SP), Votorantim (SP)
População: Quilombolas
Atividades Geradoras do Conflito: Atuação de entidades governamentais, Barragens e hidrelétricas, Mineração, garimpo e siderurgia, Monoculturas
Impactos Socioambientais: Alteração no regime tradicional de uso e ocupação do território, Falta / irregularidade na demarcação de território tradicional, Falta de saneamento básico, Favelização
Danos à Saúde: Piora na qualidade de vida
Síntese
A Comunidade Quilombola Camargos se localiza nos municípios de Votorantim e Salto do Pirapora, no estado de São Paulo. Eles são descendentes de José Joaquim de Camargo, escravo alforriado que era capataz do capitão Jesuíno Cerqueira César.
José Joaquim de Camargo comprou 84 mil alqueires de terras do Capitão por 400 mil réis, sendo essas ricas em minério. A escritura de compra das terras foi datada em 02 de novembro de 1874 e descreve os limites da área adquirida com referência aos córregos e às cachoeiras da região. Atualmente, essas terras englobam áreas de seis municípios – Sorocaba, Piedade, Sarapuí, Araçoiaba da Serra, sendo que a maior parte está em Votorantim e Salto do Pirapora.
No sentido de enfrentar os conflitos e garantir o direito à posse das terras, os descendentes de José Joaquim de Camargo fundaram a Associação José Joaquim de Camargo, composta por 57 famílias divididas em dois núcleos, um no município de Votorantim e outro em Salto do Pirapora. A Comunidade conseguiu em 31 de dezembro de 2008, após se autodeclarar remanescente de quilombo, a Certidão de Remanescente de Quilombo (CRQs) emitida pela Fundação Cultural Palmares. Porém, enquanto o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) não finaliza os demais procedimentos para conclusão do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), principal etapa do processo administrativo de titulação das terras, a Comunidade dos Camargos passa por dificuldades.
A situação dos descendentes do José Joaquim de Camargo é de extrema pobreza: seus barracos são, em grande maioria, de madeira com telhas de fibra ou lona plástica, não possuem acesso a fornecimento regular de água e não há esgoto ou energia elétrica no bairro onde moram. A falta de iluminação pública torna a área perigosa principalmente para as crianças e adolescentes que estudam à noite.
Para complicar o caso, as terras dos Camargos foram, em grande maioria, griladas e incorporadas às áreas urbanas dos municípios de Votorantim e Salto do Pirapora. As terras estão ocupadas por plantações de eucalipto, por uma empresa de papel e celulose, pedreiras, pela Represa Itupararanga, pela Universidade de São Carlos (UFSCar), pela Universidade do Cavalo, pelo Parque Zoológico de São Paulo, entre outras instituições, comunidades e empresas.
Nesse contexto, a Comunidade Quilombola dos Camargos aguarda há 14 anos pela documentação que permitirá aos descendentes de José Joaquim de Camargo, ex-escravo, possuírem direitos sobre suas terras. No momento, a pendência é a delimitação do território, uma vez que as outras etapas para a emissão do RTID já foram realizadas pelo INCRA.
Contexto Ampliado
A Comunidade Quilombola Camargos se localiza nos municípios de Votorantim e Salto do Pirapora na microrregião de Sorocaba, no estado de São Paulo. A cidade de Sorocaba se tornou um importante ponto de encontro dos tropeiros, principalmente por consolidar grandes feiras que comercializavam animais e alimentos. Embora não tenha sido uma região em que se concentrou mão-de-obra escrava no trabalho na agricultura, como se tornou foco comercial, a negociação de escravos direcionou os negros para a região, até depois da proibição do tráfico em 1830, segundo informações da Comissão Pró Índio de São Paulo (s/d). Acredita-se que muitas das comunidades quilombolas que existem atualmente na região de Sorocaba tenham sido construídas após os ex-escravos terem adquirido terras, seja por compra ou por doação dos senhores.
De acordo com relatos dos moradores mais antigos da Comunidade dos Camargos, eles seriam descendentes do negro José Joaquim de Camargo, escravo alforriado que era capataz do Capitão Jesuíno Cerqueira César. Camargo foi casado inicialmente com Benedita Nogueira do Amaral, também negra, que pertenceu às famílias da Fazendinha dos Pretos na cidade de Salto do Pirapora; desse casamento, vieram seis filhos. Posteriormente, Benedita faleceu e o ex-escravo se casou pela segunda vez, com Delfina Leme do Espírito Santo; com ela, teve mais um filho. Delfina era sobrinha do prefeito de Salto do Pirapora, segundo o documento escrito por Avelino Ribeiro, Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo (s/d).
José Joaquim de Camargo, de acordo com o mesmo documento, tinha uma pequena terra onde plantava algodão, lenhava, tinha forno de carvão, possuía animais de criação e cultivava milho e mandioca para fazer farinha, sendo que levava tudo para vender na feira da cidade de Sorocaba. Além disso, realizava serviços como capataz para o capitão Jesuíno Cerqueira César e recebia por esses serviços. Como tinha algumas economias resultantes desses trabalhos, Camargo conseguiu comprar 84 mil alqueires de terras do Capitão por 400 mil réis. A escritura de compra das terras foi datada em 02 de novembro de 1874 e descreve os limites da área adquirida com referência aos córregos e às cachoeiras da região.
Muitos anos se passaram, os descendentes de José Joaquim de Camargo se espalharam pela região, as terras foram invadidas e griladas. De acordo com Luiz Carlos Batista de Camargo, tataraneto do ex-escravo, a luta pela recuperação territorial teve início há cerca de 100 anos. Desde que tinha 14 anos, Luiz Carlos, atualmente com 56 anos, acompanhava seu pai nessa batalha de tentar recuperar a escritura, segundo o Jornal Cruzeiro do Sul (16/03/2014).
Pedro de Camargo, bisneto do ex-escravo, expôs no documento Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo (s/d) que seu pai e sua avó afirmavam incisivamente que José Joaquim de Camargo possuía terras muito extensas que englobavam parte das cidades de Votorantim e Salto do Pirapora; contudo, estavam quase totalmente griladas enquanto, eles, os legítimos herdeiros estavam morando de favor. Edson Correia, tataraneto de Camargo, afirmou em reportagem publicada no blog do Quilombo dos Camargos (24/03/2014) que desde sua infância escutava seu avô dizer que as terras eram herança de seu avô e que a escritura estava escondida no cartório dos padres. Edson afirmou que procurou uma estudante de direito para contar a história e perguntar o que poderia ser um cartório dos padres, e a estudante concluiu que se tratava de uma Cúria Diocesana. Nesse sentido, Edson Correa procurou o documento em várias Cúrias da região e encontrou a escritura, confirmando o que seus antecedentes contavam, datada de 02 de novembro de 1874.
Essa escritura comprovou que José Joaquim de Camargo era ex-escravo e havia comprado do capitão Jesuíno Cerqueira Cezar algumas de suas posses por 400 mil réis. Édson explicou que provavelmente Camargo foi orientado a guardar a escritura em um local seguro, visto que, apesar dele ser alforriado, era negro; ou seja, em algum momento, poderia um senhor conseguir tirar a sua posse. Assim, José Joaquim de Camargo teria guardado o documento para garantir que a terra ficaria para seus descendentes. Naquela época, a terra não tinha muito valor. O que tinha valor, na verdade, era o negro, o ouro e o café. Isso explicaria, de acordo com Édson, como um ex-escravo tinha a possibilidade de comprar terras, segundo reportagem publicada no Blog Shikama (20/11/2010).
Atualmente, essas terras englobam áreas de seis municípios – Sorocaba, Piedade, Sarapuí, Araçoiaba da Serra, sendo que a maior parte está em Votorantim e Salto do Pirapora. Na reportagem do Jornal Cruzeiro do Sul, publicada no blog da Comunidade dos Camargos (24/03/2014), os moradores do Quilombo dos Camargos explicaram os limites das terras em cada um dos municípios. Em Sorocaba, pertencem ao Quilombo uma grande parte já urbanizada, parte do córrego Lavapés (que corta a Avenida São Paulo) e prossegue até o Centro, seguindo pela Avenida Barão de Tatuí. Nessa avenida, passa pela Igreja de João de Camargo e segue até o Campolim. Além disso, as áreas ocupadas pela Universidade de São Carlos (UFSCar), pela Universidade do Cavalo, pelo Parque Zoológico de São Paulo e pela Capela do Inhayba também fazem parte das terras compradas por José Joaquim de Camargos em 1874.
Em Araçoiaba da Serra, as terras que constam na escritura não incluem a área urbana da cidade, mas parte da Fazenda Ipanema. Na cidade de Sarapuí, a propriedade dos quilombolas faz divisa com o bairro Cocais, ocupando parte pequena da área rural, e, no município de Piedade, também inclui apenas uma parte da área rural do município. Em ambos os casos, existem fazendas que grilaram as terras.
A grande parte do território dos Camargos circunscreve o município de Salto de Pirapora e Votorantim. Em Salto do Pirapora, a principal referência é o rio Pirapora, pois o rio passa dentro das terras, partindo da ponte do rio Pirapora são oito km de extensão até o município de Pilar do Sul, 40 km em direção à Votorantim até a represa de Itupararanga, 12 km em direção à Piedade e 30 km em direção à Araçoiaba da Serra. Em Salto do Pirapora, existem sete pedreiras que ocupam o território que a Comunidade reivindica, sendo que quatro delas pertencem à empresa Votoran, uma à Companhia Siderúgica Paulista (COSIPA), outra é explorada pela empresa Mineral e uma outra pela família Matarazzo. O bairro Capão Redondo, no mesmo município, também pertence à Comunidade: o marco é um pé de jatobá, mas a área atualmente está sendo explorada pela retirada de caulim um tipo de minério usado na fabricação de cerâmicas, porcelanas, tintas, entre outros produtos.
No município de Votorantim, os remanescentes de quilombo afirmam que aproximadamente 70% de toda a área do município, rural e urbana, pertencem a eles. A área rural incluiria o bairro Votocel, a área onde foi construída a represa Itupararanga e a pedreira Santa Helena. João, tataraneto de José Joaquim de Carvalho, afirmou que possuem documentos que confirmam que seus parentes moravam na área antes da pedreira ter sido criada. Temos uma certidão de óbito de 1920, de Maximiliano de Camargo, que morava lá bem antes de começar a pedreira. A pedreira foi construída na década de 1930, depois que os moradores dos quilombos foram expulsos da área. Ainda conforme os relatos expostos no blog da Comunidade dos Camargos (24/042014), a área urbana da cidade incluiria o shopping Iguatemi, a Praça de Eventos e a Capela da Penha. Nosso tataravô ajudou a construir a capela, contou João na mesma reportagem.
No sentido de enfrentar os conflitos e conseguir o direito à posse das terras, os descendentes de José Joaquim de Camargo, moradores das diferentes comunidades na microrregião de Sorocaba, fundaram a Associação Afro-Brasileira, abrangendo moradores das comunidades, Fazendinha dos Pretos, Cafundó, Fazenda Pilar, Carmo São Roque e Cocais. Em 1995, a Associação, investindo na busca da conquista d seus direitos sobre a terra, procurou a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP). Contudo, a documentação ficou parada durante oito anos na Fundação. A única sugestão que fizeram foi aconselhar a Associação se desmembrar, para que cada comunidade tivesse a sua própria organização. Dessa maneira, foi fundada a Associação José Joaquim de Camargo, composta por 57 famílias divididas em dois núcleos, um no município de Votorantim e outro em Salto do Pirapora, segundo o documento escrito por Avelino Ribeiro, Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo (s/d).
Por conta da não resposta do ITESP durante oito anos, foi movida uma Ação Civil Pública pelo Ministério Público Federal de n.º1.34.016.000263/2002-86 (instaurado em 18/12/2002). E, em 2003, a responsabilidade sobre o caso passou para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), responsável por emitir o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). O decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003 e que trata do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, regulamenta o procedimento para a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes dos quilombos, competindo ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do INCRA, o cumprimento dessas funções.
A Comunidade conseguiu, em 31 de dezembro de 2008, após se autodeclarar remanescente de quilombo, a Certidão de Remanescente de Quilombo (CRQs) emitida pela Fundação Cultural Palmares. Porém, enquanto o INCRA não conclui os demais procedimentos para emissão do RTID, documento que vai garantir a posse das terras, de fato, a Comunidade dos Camargos passa por sérias dificuldades.
Em Votorantim, os remanescentes de quilombo moram principalmente no Bairro Votocel, na periferia da cidade. Os barracos são, em grande maioria, de madeira com telhas de fibra ou lona plástica; eles não têm água, esgoto ou energia elétrica um gerador da empresa Votorantim cede energia para as casas, mas apenas durante a noite. Por conta da falta de saneamento e do local ficar próximo a uma área de mata, a região é repleta de cobras, escorpiões e caramujos. É bastante comum ver crianças marcadas por picadas do carrapato-estrela, segundo o relato da moradora Rosanha Noronha exposto em reportagem publicada no blog Combate Racismo Ambiental (17/11/2013). Outro problema é que, ao lado do bairro, existe uma ferrovia, que voltou a operar em 2007 no transporte de minério e, por conta do intenso funcionamento do trecho, as famílias convivem cotidianamente com muito barulho e o medo de atropelamento, especialmente, das crianças que circulam na área, segundo informações divulgadas pelo Jornal Estado de São Paulo (20/07/2009).
Conforme contou Rosanha Noronha, a situação dos descendentes do José Joaquim de Camargo é de extrema pobreza e a falta de iluminação pública torna a área perigosa principalmente para as crianças e adolescentes que estudam a noite. Meu filho chega depois das 23 horas… Além da falta de iluminação, nós abrimos um caminho no meio do mato para as crianças terem acesso mais fácil para irem à escola. Os políticos vêm aqui só em época de eleição, pedir voto e fazer promessas. A gente pediu tanta coisa, mas nunca conseguimos nada, nem mesmo temos vagas garantidas em creches. (…) A gente aqui sofre discriminação e por isso não consegue nem emprego, vivemos de sobras, depoimento de Rosanha para reportagem do Jornal Cruzeiro do Sul (16/03/2014).
Desde que tiveram o reconhecimento de seus direitos, a Comunidade dos Camargos resiste à contínua ocupação de seu território, que, de acordo com os quilombolas, vem aumentando. Segundo notícia do Jornal Estado de São Paulo (20/07/2009), a Prefeitura de Votorantim estava construindo uma escola na área pertencente à Comunidade; por isso, a Associação se mobilizou para impedir que mais uma construção ocupasse seu território.
Outro problema envolvendo a Prefeitura é um projeto de construção de cerca de 100 casas populares no bairro Itapeva, área que compete aos Camargos. O documento escrito por Avelino Ribeiro, Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo (s/d), publicado no blog da Comunidade, expôs também que, além das ocupações já descritas acima, em Votorantim, as terras estão ocupadas por plantação de eucalipto e por uma empresa de papel. Rosanha afirmou que, no total, são 16 pedreiras nas terras dos Camargos, incluindo as sete em Salto do Pirapora já citadas. A Comunidade noticiou também haver recusado R$ 200 milhões para vender a escritura das terras, segundo notícia publicada no Blog da Comunidade dos Camargos (24/03/2014).
Diante do moroso trabalho realizado pelo INCRA – pois há praticamente dez anos que a Associação dos Camargos espera pelo RTID -, o Ministério Público Federal entrou com Ação Civil Pública com pedido de tutela antecipada. Segundo decisão da juíza federal Sylvia Marlene de Castro Figueiredo, da 3ª Vara Federal em Sorocaba/SP, no dia 19 de abril de 2011, o INCRA deveria apresentar à Justiça um cronograma de execução dos procedimentos relativos à eventual identificação, delimitação, levantamento ocupacional e cartorário da Associação Remanescente Quilombos José Joaquim de Camargo existente na região de Sorocaba (Votorantim e Salto de Pirapora). Sendo que o período para apresentar o cronograma de execução dos procedimentos seria de 120 dias; em caso contrário, o Instituto pagaria multa.
O INCRA alegou que o trabalho estava sendo realizado, mas que atuaria com limitações de recursos humanos (profissionais para realizar o serviço) e que a demora do procedimento se deveria ao fato de que as pessoas que hoje habitam a região não serem associadas e não se constituírem naqueles que formaram a associação dos remanescentes da comunidade quilombola e reivindicaram o reconhecimento, informação divulgada no site da Justiça Federal de São Paulo (27/04/2011). Apesar dessas observações, a solicitação foi mantida pela Juíza Sylvia Marlene. Entretanto, se passaram dois anos da Ação Civil Pública sem divulgarem em qual momento se encontra o trabalho do INCRA.
Na reportagem divulgada pelo Jornal Cruzeiro do Sul (23/03/2014), foi exposto que, no momento, a única pendência seria a delimitação do território, afirmando que as outras etapas para a emissão do RTID já foram realizadas pelo INCRA. Na mesma notícia, foi informado que os descendentes de José Joaquim de Camargo estariam traçando o percurso realizado pelos negros. O Caminho dos Negros parte de Sorocaba, passa por Araçoiaba da Serra, segue até Sarapuí, Salto de Pirapora, Piedade e termina em Votorantim, na divisa com Sorocaba. A ideia é que o Caminho ajude a resgatar a história da Comunidade dos Camargos e que, futuramente, transforme-se em roteiro turístico.
Nessa perspectiva, os Camargos aguardam há 14 anos por uma documentação que permitirá aos descendentes de José Joaquim de Camargo, ex-escravo, possuírem direitos sobre suas terras. Mesmo com todas as dificuldades, os núcleos em Voltocel e Piraporinha significam um foco de resistência quilombola. Fomos transformados pelos posseiros, grileiros e invasores em verdadeiros visionários e alguns em farrapos humanos, catadores de lixo que vem dos poderosos, que tomaram tudo o que nos pertence por herança de José Joaquim de Camargo, nosso ancestral. Muitos dos nossos já faleceram sem ver o final da nossa luta, mas é por todos esses motivos que as gerações futuras não desistirão de buscar o nosso ideal. As terras do Campo do Itinga também nos pertencem e estão à mercê dos interesses escusos sem que (…) possamos alimentar nossos filhos, afirmou o presidente da Associação, Avelino Ribeiro, no documento Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo (s/d), publicado no blog da Comunidade dos Camargos.
Cronologia
02 de novembro de 1874 José Joaquim de Camargo, ex-escravo, compra 84 mil alqueires de terras, na microrregião de Sorocaba-SP, do capitão Jesuíno Cerqeira César, por 400 mil réis. Camargo guarda a escritura em uma Cúria Diocesana.
Até 1995 Descendentes de José Joaquim de Camargo, moradores das cidades de Votorantim e Salto do Pirapora, encontram a escritura que garantia o direito às terras em uma Cúria Diocesana.
S/D – Moradores de diferentes comunidades na microrregião de Sorocaba fundam a Associação Afro-Brasileira, abrangendo moradores das comunidades Fazendinha dos Pretos, Cafundó, Fazenda Pilar, Carmo São Roque e Cocais.
1995 Associação Afro-Brasileira encaminha escritura à Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) solicitando seus direitos de propriedade.
S/D Associação Afro-Brasileira é desmembrada e é fundada a Associação José Joaquim de Camargo, composta por 57 famílias divididas em dois núcleos: um no município de Votorantim e outro em Salto do Pirapora.
18 de dezembro de 2002 Instaurada Ação Civil Pública pelo Ministério Público Federal de n.º1.34.016.000263/2002-86 contra o ITESP, visto que durante oito anos o Instituto não trabalhou no caso do Quilombo dos Camargos.
2003 A responsabilidade sobre o caso da Comunidade passa para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), responsável por emitir o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID).
31 de dezembro de 2008 – Associação José Joaquim de Camargo recebe Certidão de Remanescente de Quilombo (CRQs) emitida pela Fundação Palmares.
19 de abril de 2011 – Ministério Público Federal entra com Ação Civil Pública com pedido para que o INCRA apresente à Justiça um cronograma de execução dos procedimentos relativos à eventual identificação, delimitação, levantamento ocupacional e cartorário da Associação Remanescente Quilombos José Joaquim de Camargo, existente na região de Sorocaba (Votorantim e Salto de Pirapora).
23 de março de 2014 – Pendência para emissão da RTID é a delimitação do território pelo INCRA.
S/D – Descendentes de José Joaquim de Camargo traçam o percurso feito pelos negros em Sorocaba e na Região.
Fontes
Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo. Documento escrito por Avelino Paulo Ribeiro. (s/d) Disponível em: http://goo.gl/NK9BOK. Acessado em: 31 de março de 2014.
Blog Quilombo dos Camargos. Áreas Quilombos Camargo. (s/d). Disponível em: http://goo.gl/hLnacs. Acessado em: 30 de março de 2014.
Blog Quilombo dos Camargos. JORNAL CRUZEIRO DO SUL: A trajetória passada de pais para filhos. Publicado em 24 de março de 2014. Disponível em: http://goo.gl/7CDy1p. Acessado em: 30 de março de 2014.
Blog Quilombo dos Camargos. JORNAL CRUZEIRO DO SUL: morando de favor na própria casa. Publicado em 24 de março de 2014. Disponível em: http://goo.gl/FPAoF6. Acessado em: 30 de março de 2014.
Blog Quilombo dos Camargos. Remanescentes de quilombos vivem em estado de pobreza extrema. Publicado em 18 de março de 2014. Disponível em: http://goo.gl/EHBXrX Acessado em: 30 de março de 2014.
Blog Quilombo dos Camargos. Representantes dos Quilombos Camargo participaram da audiência pública estadual sobre a Criação da Região Metropolitana de Sorocaba. Publicado em 21 de março de 2014. Disponível em: http://goo.gl/dSD6yK. Acessado em: 30 de março de 2014.
Blog Shikama. Somos a raiz de Votorantim, afirmam remanescentes de quilombos. Publicado em 20 de novembro de 2010. Disponível em: http://goo.gl/kwLsQ4. Acessado em: 31 de março de 2014.
Comissão Pró Índio de São Paulo. Comunidades Quilombolas da região de Sorocaba. (s/d). Disponível em: http://goo.gl/Ors4D3. Acessado em: 31 de março de 2014.
DECRETO Nº 4.887, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2003 Regulamenta a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes dos quilombos. Disponível em: http://goo.gl/oHlozD. Acessado em: 31 de março de 2014.
Jornal Cruzeiro do Sul. Descendentes de escravo mostram como era feito o Caminho dos Negros. Publicado em 23 de março de 2014. Disponível em: http://goo.gl/w3Dha9. Acessado em: 30 de março de 2014.
Jornal Cruzeiro do Sul. Quilombos: na BA, Rio dos Macacos em disputa com Marinha. Em São Paulo, Camargos aguardam o INCRA. MPF vai agir. Publicado em 16 de março de 2014. Disponível: http://goo.gl/XChJ7S. Acessado em: 31 de março de 2014.
Jornal O Estado de São Paulo. Aumenta em São Paulo número de candidatos a quilombolas. Publicado em 20 de junho de 2009. Disponível em: http://goo.gl/0w2RoP. Acessado em: 30 de março de 2014.
Justiça Federal de São Paulo. Incra deverá apresentar à justiça relatório sobre comunidade quilombola na região de Sorocaba. Publicado em 27 de abril de 2011. Disponível em: http://goo.gl/eQDyL6. Acessado em: 31 de março de 2014.
Ministério Público Federal. Ação Civil Pública n.º 000264-71.2011.4.03.6110. Disponível em: http://goo.gl/EVS15J. Acessado em: 31 de março de 2014.
Vídeos sobre o caso:
Matéria Exibida em 2010 sobre as terras do Quilombo José Joaquim de Camargo em Votorantim e Salto de Pirapora SP. Publicado em 12 de maio de 2011. Disponível em: http://goo.gl/feqSbF. Acessado em: 31 de março de 2014.
Terras dos Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo no Município de Votorantim SP e Salto de Pirapora SP. Publicado em 09 de fevereiro de 2012. Disponível em: http://goo.gl/sjS2zy. Acessado em: 31 de março de 2014.
Página do Facebook:
Comunidade Quilombola dos Camargos. Disponível em: http://goo.gl/n0xAPP. Acessado em: 31 de março de 2014.
Adorei seus comentários de Poderes de Posses pois meus Tios aqui de São Roque tentaram fazer levantamento de Certidão de Posse também pois minha Avó foi enganada e ninguém tinha estudo e a tornaram como Uso Capitão as terras do Município de Araçariguama em Aparecidinha ela dizia que onde a vista alcançasse era Propriedade da Família meu tio tentou procurar a Certidão em São Roque
Gostaria de saber mais informacoes, sobre a situacao das terras dos Camargos